Abril começa com um marco, no segundo dia do mês, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O propósito da Organização das Nações Unidas (ONU) com a criação da data foi atrair mais atenção da população para essa temática (1). Durante todo o mês diversas ações da campanha “Abril Azul” também acontecem.
![](/wp-content/uploads/2023/03/NXT0038CR001-cartaz-A3-BAIXA-edited.jpg)
No autismo, ou seja, no transtorno do espectro autista (TEA) há alterações do desenvolvimento neurológico. Não há características físicas ou comportamentais únicas, e sim uma série de condições atípicas em cada caso, por isso o diagnóstico e tratamento podem ser tão complexos (2,3).
No ano de 2012, a lei brasileira de n. 12.764/2012 instituiu a política nacional de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista. No artigo terceiro da mesma, é garantido o atendimento multiprofissional e atenção nutricional adequada, assim como acesso à terapia nutricional.
Afinal, qual deve ser a atenção nutricional com pessoas com TEA?
- Evitar falas/atitudes capacitistas: quando há pouco conhecimento sobre a condição apresentada, falas ou atitudes podem expressar a ideia de que pessoas com autismo são incapazes (7). Destaque para algumas orientações:
“A pessoa autista é uma pessoa com TEA. Lembre-se de evitar dizer que uma pessoa é portadora de autismo, pois o autismo não é algo que ela possa deixar de portar, mas faz parte dela (…) autismo não é apenas um diagnóstico, mas também uma característica. Sem o autismo, a pessoa autista não existiria. Esta regra vale também para outras deficiências. O autismo é considerado um espectro porque, em cada pessoa, o transtorno se manifesta de maneira específica (…) cada autista é único.”
- Alimentação seletiva: pode haver aversão para certos alimentos, ou restrições por intolerância/alergia, resultando na carência do consumo de fibras, ômega 3, ferro, cálcio, zinco, cobre e vitaminas D, A, e C (4);
- Alterações gastrointestinais: há maior recorrência de refluxo, dor abdominal, diarreia, constipação e alterações de permeabilidade na microbiota intestinal. Por isso, há benefício do uso de probióticos melhora dos sintomas e modulação de substâncias como serotonina, melatonina e acetilcolina (5,6);
- Estado nutricional e suplementação: monitorar exames bioquímicos para avaliar a necessidade de suplementação vitamínica. Não apenas pelo consumo, muitas vezes, limitado de nutrientes, mas também pelo maior potencial de estresse oxidativo e capacidade reduzida de transporte de energia (4);
- Estratégias alimentares e nutricionais: há impacto no consumo alimentar pela seletividade/aversão por cores, texturas, cheiros, temperatura, sabor e modos de preparo dos alimentos. O uso estratégico de aminoácidos como cisteína e metionina, além de ácido fólico, vitamina B6 e B12, pode ser interessante; pois são nutrientes essenciais para a síntese de glutationa (GSH) e de S-adenosilmetionina (SAM) (4);
Condutas dietéticas especiais para TEA, como a dieta sem glúten ou caseína (GFCF), dieta dos carboidratos específicos (SCD), dieta mediterrânea e dieta cetogênica ainda apresentam resultados conflitantes entre si e diversas limitações científicas (8).
O principal cuidado a ser adotado é que as mudanças comportamentais no TEA, como a seletividade alimentar, não causem impacto negativo no estado nutricional. Por isso, é essencial que o nutricionista esteja inserido em uma equipe multiprofissional, ou em contato com aqueles que realizam o acompanhamento clínico.
Materiais Complementares
- A associação Autismo e Realidade disponibiliza diversas cartilhas educacionais, acesse aqui.
- O Canal Autismo também apresenta diversos materiais gratuitos, acesse aqui.
Até mais,