O Dia da Gestante (15/08) é uma data importante para trazer mais visibilidade aos cuidados necessários nessa fase da vida, tanto para a população quanto para os profissionais da saúde.
Na nutrição, o auxílio profissional ocorre em diversas formas. Inclusive, em postagens anteriores falamos sobre o papel do nutricionista no incentivo à amamentação.
Os benefícios de um bom acompanhamento nutricional durante esta etapa da vida também é uma pauta primordial a ser abordada.
Todo o desenvolvimento fetal é dependente do estado e consumo nutricional da pessoa gestante, por isso, a importância de se atentar para esse aspecto durante esse período.
No entanto, nem sempre toda suplementação é primordial, cada caso deve ser analisado individualmente. Como é possível analisar na imagem abaixo, há alguns nutrientes que não exigem um consumo superior devido a gestação:
Já outros nutrientes precisam de maior atenção em nossa prática clínica (1):
- Vitamina D
O feto é dependente da mãe, através da placenta, para adquirir vitamina D, vitamina que está intimamente relacionada à homeostase do mineral cálcio e a manutenção do tecido ósseo. Para a gestante, há aumento da absorção intestinal de vitamina D e cálcio, e a redução da excreção urinária de cálcio; ou seja, uma adaptação metabólica para atender às necessidades nutricionais do feto.
Os exames laboratoriais para hidroxivitamina D ou 25(OH)D devem apresentar níveis plasmáticos superiores a 50 nmol/L (ou 20 ng/mL). Já as recomendações de consumo alimentar para gestantes, segundo o Institute of Medicine, é de 10 µg/dia.
Para a suplementação, de acordo com a Canadian Academy of Pediatrics e American College of Obstetricians and Gynecologists, recomenda-se de 2.000 UI/dia durante a gestação e lactação. Em relação à toxicidade, o risco pode ocorrer acima de 20.000 UI/dia, com consequências de hipercalcemia e hipercalciúria.
A exposição diária ao sol, de áreas do corpo como braços e pernas, por tempo mínimo de 15 minutos já é suficiente para garantir a síntese adequada de vitamina D3 (com possível variação de acordo com a latitude, estação do ano, cor da pele, utilização de filtro solar e influência da dieta).
- Vitaminas do Complexo B
Há maior necessidade de consumo para todas as vitaminas do complexo B, o ácido fólico ganha destaque no período pré-gestacional, por exemplo para tentantes, como também para o primeiro trimestre da gestação.
O consumo adequado de ácido fólico está associado com a redução de doenças congênitas e malformações do sistema neurológico, assim como a anemia materna. Por isso, é um nutriente tão suplementado, principalmente por ter a sua necessidade de consumo duplicada durante o período gestacional. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a suplementação deve ser de 0,4 mg/dia.
As outras vitaminas do complexo B também são importantes e estão associadas com o crescimento do feto e o desenvolvimento do sistema neurológico e cardíaco, principalmente a vitamina B12.
- Ferro
É um mineral essencial para o transporte de oxigênio. Em gestantes há um aumento da necessidade metabólica desse nutriente. Inclusive, a anemia é uma das deficiências nutricionais mais comuns durante a gravidez.
Além disso, a deficiência também pode ser influenciada por uma redução de consumo, principalmente devido às mudanças no hábito alimentar que ocorrem pela gestação.
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Em gestações múltiplas, também chamadas de gemelares, a demanda metabólica pode ser maior, por isso, o estado nutricional possui um impacto ainda maior para a saúde materna, do feto e para o desenvolvimento gestacional.
Em um estudo com gestantes, a maioria da amostra com deficiências nutricionais apresentou menores níveis séricos de vitamina D (25 OH), ferritina e hemoglobina em gestações múltiplas (2).
Assim, em gestações, principalmente as gemelares, é importante que a adequação nutricional e o monitoramento sejam realizados com muita cautela e responsabilidade!
Até mais!