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Artigo Científico: Rinite e o papel preventivo de suplementos nutricionais

Com o avanço das pautas ambientais, fica cada vez mais evidente a necessidade de reduzir a poluição do ar. Na área da saúde, também há interesse em descobrir tratamentos e estratégias preventivas que melhorem a qualidade de vida e a saúde respiratória da população.

A poluição do ar também está associada a outras doenças, como cardiovasculares, autoimunes, tumores e inflamação nos tecidos. Em pesquisas sobre imunidade e capacidade anti-inflamatória, os suplementos nutricionais demonstraram ser uma alternativa viável promissora .

Afinal, quais compostos poderiam auxiliar na prevenção de sintomas ou doenças respiratórias causados pela poluição do ar? Esse foi o objetivo da revisão em questão, além de explicar os impactos negativos da poluição para a saúde respiratória.

Resultados e Discussão

Um dos componentes mais estudados na poluição do ar é o material particulado (MP), uma mistura de partículas sólidas e/ou líquidas suspensas no ar que contém várias substâncias perigosas; como aerossóis de carbono, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), benzoquinona e metais pesados.

Existe associação entre esse componente com a rinite alérgica, pois ele atua como irritante da mucosa nasal, potencializando a resposta alérgica. Essa associação foi corroborada por um estudo americano que avaliou a correlação entre a exposição a partículas finas e rinossinusite. Foi indicado um risco maior de rinossinusite com o aumento da exposição à MP.

Os suplementos nutricionais ganham espaço nesse contexto por sua capacidade de modulação do sistema imunológico e proteção contra agentes inflamatórios. Confira quais apresentam potencial preventivo para rinite alérgica associada à poluição do ar:

  • Kefir: com potencial de exercer efeitos antialérgicos por meio da modulação imunológica e da influência que exerce na microbiota intestinal. No entanto, os estudos clínicos que investiguem essa associação (kefir x rinite induzida por MP) ainda são limitados;
  • Lactoferrina: tem sido usada como suplemento em várias condições clínicas, devido à capacidade de modulação imunológica. Apesar de demonstrar potencial nesse contexto, estudos clínicos que avaliem a eficácia da suplementação de lactoferrina na rinite associada à MP são escassos;
  • Vitamina D: pode suprimir a produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-4 e IL-17, além de promover a secreção da citocina anti-inflamatória IL-10. Vários estudos clínicos investigaram a correlação entre vitamina D e rinite. Os achados indicam associação entre baixos níveis séricos da vitamina e rinossinusite crônica, assim como a redução de sintomas com a suplementação. No entanto, estudos clínicos sobre os efeitos preventivos da suplementação de vitamina D na rinite relacionada à exposição à PM são limitados;
  • Ácidos graxos ômega-3: são reconhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras. Por isso, são candidatos para reduzir os efeitos adversos da exposição à MP, como a rinite. Nesse contexto, os mediadores lipídicos anti-inflamatórios poderiam auxiliar na redução a inflamação nasal, na produção de muco e na redução de outros sintomas alérgicos. Apenas um estudo foi realizado avaliando essa associação;
  • Probióticos: a microbiota intestinal desempenha um papel crucial no sistema imunológico. Alterações na sua composição têm sido associadas a várias doenças respiratórias, incluindo asma e rinite alérgica. A modulação do eixo intestino-pulmão pode contribuir para os efeitos benéficos dos probióticos na rinite relacionada à poluição do ar. Um estudo realizado em crianças com rinite alérgica testou o tratamento profilático com a mistura de Bifidobacterium animalis subsp. lactis e Enterococcus faecium. Os sintomas das crianças tratadas com probióticos foram menos graves em comparação ao grupo de controle.

Conclusão

Apesar de os suplementos serem uma possibilidade complementar promissora, não devem ser encarados como substitutos de políticas ambientais para melhorar a qualidade do ar e a saúde respiratória da população. Existem evidências limitadas sobre o assunto, mas grande potencial de que tais suplementos — assim como outros a serem pesquisados — sejam alternativas terapêuticas interessantes na prevenção da rinite induzida por MP.

Confira o artigo na íntegra: https://www.mdpi.com/2072-6643/17/5/829

Até mais!

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