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Magnésio

O magnésio atua como cofator em mais de 300 reações metabólicas, desempenhando papel fundamental no metabolismo da glicose, na homeostase insulínica e glicêmica e na síntese de adenosina trifosfato, proteínas e ácidos nucleicos. Atua ainda na estabilidade da membrana neuromuscular e cardiovascular, na manutenção do tônus vasomotor e como regulador fisiológico da função hormonal e imunológica.

O organismo de um adulto saudável tem aproximadamente 21-28 g de magnésio em compartimentos principais: ósseo (65%), muscular (34%) e plasmático e fluido intersticial (1%). No plasma, a concentração normal desse íon é mantida entre 1,7 e 2,4 mg/dL, dos quais cerca de 60% encontram-se na forma livre.


Cerca de 30 a 50% do magnésio proveniente da alimentação é absorvido ao longo de todo o intestino em processo que depende das reservas do organismo e do seu aporte na dieta. A absorção intestinal ocorre, principalmente, no intestino delgado distal, na porção entre o duodeno distal e o íleo, sendo que esta pode ocorrer por transporte ativo transcelular ou passivo paracelular. O transporte passivo predomina quando a ingestão de magnésio é elevada, sendo desencadeado quando a concentração de magnésio ultrapassa 20 mEq/L no lúmen intestinal.

A deficiência de magnésio pode decorrer tanto da ingestão inadequada, quanto da excreção aumentada, sendo a homeostase desse nutriente, em nosso organismo, regulada principalmente pelos rins.

O limiar máximo da sua concentração no plasma é próximo dos valores de referência, sendo o excesso de magnésio, proveniente da dieta ou administrado por via parenteral, quase totalmente excretado.

Além do trato gastrointestinal e dos rins, o tecido ósseo também está envolvido na regulação da disponibilidade celular do magnésio, bem como a vitamina D, os hormônios paratormônio, calcitonina, glucagon, antidiurético, aldosterona e esteroides sexuais, os quais influenciam direta ou indiretamente na regulação homeostática desse mineral.

O magnésio é estocado principalmente nos ossos e quando o organismo encontra-se em estado temporário de deficiência do micronutriente, o tecido ósseo mantém seus níveis séricos constantes. Além dos ossos, os músculos e compartimento eritrocitário também mobilizam magnésio lentamente, suprindo órgãos vitais. O paratormônio aumenta a reabsorção de magnésio quando suas concentrações extracelulares estão reduzidas, enquanto que a hipercalcemia inibe essa reabsorção em processo que parece ser mediado pela ativação dos RCaE. Além disso, sua ação está relacionada à ativação da adenilil ciclase, estimulando a produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) que, por sua vez, atua como segundo mensageiro estimulando a absorção de magnésio no intestino, reabsorção no rim e sua liberação dos ossos nas situações de concentrações séricas reduzidas desse mineral, em um mecanismo de feedback negativo. A vitamina D também parece interferir na absorção e reabsorção do magnésio, por mecanismos ainda não elucidados, no entanto, alguns estudos relatam que essa vitamina é capaz de melhorar ambos os processos. A calcitonina e o glucagon também atuam ativando a adenilil ciclase e, portanto, a síntese de AMPc, melhorando a reabsorção do magnésio em algumas partes dos néfrons. Nesse aspecto, a aldosterona é outro hormônio que afeta a reabsorção de magnésio, sendo que sua atuação deve-se, provavelmente, à sua ação regulatória sobre as claudinas para ajustar o transporte de sódio e cloreto, o que favorece alterações na permeabilidade aos íons nos rins. É oportuno destacar que os esteroides sexuais também estão envolvidos na homeostase do magnésio, provavelmente devido aos efeitos do estrógeno no balanço entre a formação do osso e sua reabsorção, favorecendo esta última, resultando em concentrações plasmáticas de cálcio reduzidas e estimulação da secreção de paratormônio. Outra provável ação do estrógeno é induzir a expressão dos receptores da vitamina D (VDR) no duodeno, contribuindo para a absorção de magnésio.Embora alguns estudos já tenham demonstrado a importância do magnésio no organismo, informações referentes à ingestão desse micronutriente ainda são escassas, a âmbito regional, nacional e mundial, dificultando o dimensionamento da prevalência de inadequação na ingestão dietética de magnésio na população.

Pesquisas realizadas a partir do início do século XXI, apesar das grandes variações metodológicas de avaliação do consumo alimentar, apresentam resultados que demonstram risco de inadequação do consumo de magnésio. Vale ressaltar que Monteiro e Vannucchi, ao analisarem estudos realizados no Brasil, observaram que a ingestão média de magnésio da população brasileira adulta era de 161,9 ± 101,3 mg/dia, valor inferior às recomendações de magnésio pelas Dietary Reference Intakes (DRIs), de 310 a 320 mg por dia para mulheres e 410 a 420 mg por dia para homens.

As principais fontes alimentares de magnésio são os cereais integrais, vegetais folhosos verdes, espinafre, nozes, frutas, legumes e tubérculos, como a batata.

Metabolic and Nutritional Aspects of Magnesium – 2015

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